A coletânea Conhecimento e sociedade chega a sua oitava edição, novamente cumprindo sua pro-posta de ser um ponto de encontro de disciplinas diversas e diferentes perspectivas das questões co-tidianas. O novo subtítulo, Cultura de culturas, apon-ta para isso.A definição de cultura é complexa e polifôni-ca, impossível de ser absorvida imediatamente. O termo Cultura, enquanto terminologia aplicada a descortinar aspectos da realidade e identidade co-letivas, foi usada pela primeira vez na segunda me-tade do século XIX, através da relação entre dois vocábulos: um germânico - Kultur - e um francês - Civilisation. O primeiro apontava simbolicamente para os aspectos espirituais de uma comunidade particular; o segundo fazia referência mais especifi-camente às realizações materiais de um povo . O resultado dessa conjugação de sentidos su-geria um algo complexo que levava em seu bojo elementos brotados de conhecimentos de matrizes diversas: crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos humanos adquiridos na vivência social de um grupo . Para compreender a riqueza dessa complexi-dade - como pensa Claude Lévi-Strauss - é necessá-rio agir como astrônomo das ciências sociais, conhecer a cultura na qual estamos mergulhados e analisá-la como quem olha de fora, como uma roupa que é preciso despir para avaliá-la em sua totalidade, permitindo adentrar em um círculo virtuoso de questionamento e compreensão.No primeiro capítulo deste novo volume de Conhecimento e Sociedade, o autor aborda o em-prego das tecnologias e multimídias em sua relação com a pessoa idosa. Segundo Benigno Sobral, as tecnologias permeiam o cotidiano e, de forma por vezes invisíveis, principalmente os idosos.A seguir, no segundo capítulo, André Marce-lo M. Soares, Maria Madalena Soares de Souza Es-teves e Roberto Tolomei descrevem a atual situação da saúde suplementar e como ela vem sendo afetada de forma crescente pela incapacidade do Estado de garantir, no setor público, a integralidade do direi-to à saúde, bem como o cumprimento da Constitui-ção Federal no que diz respeito ao acesso dos cida-dãos a este direito. Os autores defendem a redução dos custos a partir de metodologias que permitam identificar e solucionar casos de desperdiço. Esta lógica do valor responde à busca pela eficiência e eficácia que só pode ser melhor compreendida a partir das práticas de compliance.Milena da Silva Guimarães e Tereza Cristina Ramos Paiva apresentam, no terceiro capítulo, uma reflexão sobre o tempo livre e enfatizam que o ócio também contribui para o rompimento de mecanis-mos alienantes que a sociedade produz e que, ao mesmo tempo, torna produtos seus integrantes. Para tanto, vale considerar que o ócio não significa, necessariamente, falta de atividades ou passividade.No quarto capítulo, Maria Madalena Soares de Souza Esteves ressalta que o assédio moral, mui-tas vezes relacionado às relações trabalhistas, pode surgir em qualquer relação social, embora ainda não haja um debate mais aprofundado sobre sua reper-cussão social. Por este motivo, a autora analisa o aumento de decisões nos tribunais envolvendo as discussões atuais sobre o tema. Os teólogos André Marcelo M. Soares e Re-nato da Silveira Borges Neto descrevem, no quinto e último capítulo desse volume, os sacramentos da Igreja Católica como uma dinâmica da gloria Dei: intervenções gratuitas de Deus na história. Segun-do os autores, os sacramentos expressam concre-tamente as mirabilia Dei; são epifania da kabod Iahweh em sua forma visível; dom e acolhida, irrupção de Deus e resposta cultual do homem. Desejamos aos leitores uma boa leitura e que esta coletânea possa favorecer novas reflexões e possibilitar o diálogo interdisciplinar.Renato da Silveira Borges Neto Maria Madalena Soares de Souza Esteves